Transgênicos

Reginaldo Villazón
O monge e cientista austríaco Gregor Johann Mendel (1822 – 1884) foi um homem brilhante. Nos anos em que realizou experiências com plantas, especialmente ervilhas, e quando publicou o artigo científico "Ensaios com plantas híbridas", ele tinha plena consciência da importância do assunto. Mas não podia imaginar que, no futuro, seria considerado pai de uma ciência extraordinária, a Genética.
A contribuição de Mendel permitiu que o século XX contemplasse um grande número de cientistas – trabalhando com vegetais, animais e a espécie humana – para desvendar os mistérios da hereditariedade. Em 1953, descobrem o DNA, a estrutura química no núcleo das células, responsável pelas características e funcionamento dos seres vivos. Deste evento em diante, a Genética evoluiu de modo impressionante.
O melhoramento genético de plantas e animais, que o homem fazia de forma empírica desde épocas remotas, ganhou conhecimentos valiosos. As fecundações artificiais, os acasalamentos induzidos e as seleções de indivíduos produziram plantas e animais superiores para a economia agropecuária. Foi assim que surgiram novas variedades de algodão, milho, soja, trigo, bovinos, galinhas e outros.
Com o melhoramento genético e outras técnicas produtivas, a agropecuária avançou o suficiente para sustentar o crescimento acelerado da população mundial. Nas últimas décadas, a engenharia genética foi mais longe ao criar meios de modificar o DNA dos seres vivos. Por exemplo, de transferir um atributo do DNA de um animal, planta ou bactéria para o DNA de outra espécie de planta.
Após o susto de imaginar seres vivos misturados, a população tomou novo susto quando soube que sementes geneticamente modificadas (transgênicas) estavam à venda para uso na agricultura. O mundo ficou dividido entre as empresas multinacionais, defendendo o uso das suas sementes, e os ambientalistas contra os perigos que elas representavam para a natureza e a saúde humana.
Anos se passaram. As plantas transgênicas se multiplicaram na agricultura mundial. Com elas, não houve diminuição do uso de agrotóxicos nem aumento da produção de alimentos. E as pesquisas sobre os efeitos na saúde dos consumidores ainda geram dúvidas. Em novembro de 2012, a revista científica Food and Chemical Toxicology publicou um artigo que repercutiu no mundo e renovou polêmicas.
"Toxicidade em longo prazo do herbicida Roundup e de um milho geneticamente modificado tolerante ao Roundup", de autoria do cientista francês Gilles-Eric Séralini e seus colaboradores, relatou e mostrou fotos de ratos com câncer causado pela experiência. O artigo recebeu críticas da comunidade científica e das agências européias de saúde. Mas a discussão dos critérios científicos utilizados não levou a uma solução final.
Sem dúvida, a engenharia genética no futuro vai produzir alimentos saudáveis, nutritivos e saborosos. No presente, ela está no meio de um grande jogo de interesses. Então, é oportuno perguntar. "Hoje, o que é melhor: comer alimentos transgênicos com agrotóxicos ou comer alimentos naturais orgânicos?" A resposta é óbvia: "melhor é comer alimentos naturais orgânicos!".
Daí, a escolha dos alimentos continua válida. Os consumidores devem identificar os produtos (como fubá, farinhas, grãos e óleos) que tenham no rótulo a letra T dentro de um triângulo amarelo: são transgênicos. Devem preferir os não-transgênicos. Se possível, comprar frutas, legumes e hortaliças naturais orgânicos. Devem escolher hoje o que há de melhor hoje. Lembrem-se: "O homem é aquilo que ele come.".

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