Na estrada

Reginaldo Villazón
As questões relativas ao desenvolvimento humano merecem estar sempre na pauta das preocupações coletivas e individuais. As transformações acontecem o tempo todo – de modo diverso, em velocidades diferentes – em todas as sociedades. Seja o desenvolvimento da cidade e região onde se mora, seja dos países e regiões do planeta, as alterações vão produzir impactos significativos na vida de todas as pessoas.
A melhoria da administração e economia, da ciência e tecnologia, da educação e saúde, como vem acontecendo nas últimas décadas em vários países, gera mudanças no equilíbrio das forças no plano internacional. Os governos precisam reajustar suas ações, tanto nos acordos e transações internacionais como na gestão dos negócios públicos internos, para que reflitam em benefício das parcerias, do comércio e das populações.
De acordo com órgãos internacionais, em 1950, o Brasil, a China e a Índia, em conjunto, representavam apenas 10% da economia mundial. Agora, as projeções indicam que até 2050 vão representar 40% do produto mundial. Isto vai mudar as relações de poder destes países com as tradicionais potências econômicas: Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos. E vai haver mudanças sócio-econômicas nas populações.
No entanto, o crescimento econômico não significa, por si só, desenvolvimento humano. É preciso que os governos implementem políticas de eliminação dos bolsões de pobreza e realizem investimentos que fortaleçam as capacidades produtivas dos indivíduos – como alimentação, educação, saúde e qualificação profissional – para facilitar o acesso de todas as pessoas ao trabalho digno, à integração social e ao progresso.
Os cuidados com o desenvolvimento social de uma nação incluem o esforço para diminuir as desigualdades e melhorar a convivência entre classes e grupos, garantindo a representação e a participação dos cidadãos na dinâmica social, sem exclusão dos jovens, como forma de enfrentar democraticamente os desafios internos, como o abastecimento, a mobilidade, a segurança e a preservação ambiental.
Os países estão cada vez mais interligados através da informação, da cultura, do comércio, das finanças, da migração. O desenvolvimento estreita estes laços. Decisões políticas tomadas num país afetam os demais países. Momentos de abundância ou crise de um país atravessam fronteiras rapidamente e levam bonança ou desespero. Isso mostra a importância dos políticos no esforço de reduzir as vulnerabilidades.
Na medida em que se altera o equilíbrio de poder entre as nações e que os desafios nacionais se elevam ao nível mundial, torna-se imperiosa uma radical mudança para melhor na competência das autoridades políticas. Isso quer dizer que a tradicional maneira de governar, "na defesa dos interesses locais, regionais e nacionais", não é mais suficiente. Não basta a cada chefe político cuidar bem só do seu quintal.
O futuro é uma longa estrada. Cada cidadão deve prestar boa atenção, sondar os novos ventos para seguir adiante com firmeza. Responsabilidade, conhecimento, criatividade, interatividade são qualidades pessoais hoje indispensáveis. Votar em políticos melhores, desprezando os tradicionais, será crucial.
Nenhum país vai ter sucesso ao enfrentar os desafios globalizados, caso não tenha estadistas nos vários escalões da política. Segurança alimentar e preservação ambiental, por exemplos, são apenas duas questões a serem tratadas com habilidade em todos os níveis da política e da administração pública. Onde houver mediocridade, do povo ou dos políticos, haverá problemas e estagnação social.

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