Menos armas de fogo e mais latrocínios em São Paulo

O Estado de São Paulo é campeão na entrega voluntária de armas de fogo por cidadãos em campanhas de desarmamento da população e mesmo assim registrou um aumento de 30% no número de vítimas de latrocínio, roubo seguido de morte, na capital, no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2012. Foram 88 casos e 90 vítimas em 2013, contra 68 ocorrências com 69 vítimas, em 2012. Por que isso acontece?
Na opinião do deputado federal Ricardo Izar (PSD-SP), o que enxergamos é exatamente o contrário dos números. "Quanto mais se entregou armas no Estado, maior foi o número de latrocínios e homicídios. Isso mostra que, evidentemente, essa questão da entrega das armas não é a responsável pela diminuição da violência", ressalta Izar.
Para Daniel Sampaio, delegado aposentado, superintendente da Polícia Federal e proprietário da empresa Atom Assessoria e Consultoria em Segurança, "qualquer que seja o número de armas entregues voluntariamente à Campanha do Desarmamento terá impacto nos índices de violência, isso porque foram retiradas armas dos cidadãos de bem, deixando-os vulneráveis às ações de criminosos".
De acordo com dados divulgados nesta semana pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, o número de homicídios dolosos apresentou também aumento de 3,2% - 678 casos nos primeiros sete meses de 2012 contra 700 em 2013. Porém, se considerado apenas o mês de julho deste ano e o mesmo período de 2012, o cenário muda, com recuo de 7,61% nos homicídios na cidade de São Paulo, de acordo com dados da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP).
Os dados de julho ainda mostram que houve menos latrocínios, com 11 casos no mês, ou 8,3% a menos do que o registrado no mesmo período de 2012. Para o deputado, estes últimos dados estão considerando apenas um mês. "Está sendo feita uma maquiagem nos resultados, mas na verdade aumentou os números da violência em São Paulo", afirma.
Em contraponto a todos esses dados, São Paulo ocupa o 1º lugar no ranking de entrega voluntária de armas de fogo. De 2009 até 11 de agosto de 2013, foram entregues 23.249 armas de fogo. Seguido, pelo Estado do Rio Grande do Sul, com 12.848 e da Bahia, com 10.554 armas entregues.
Ainda de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, foram apreendidas no Estado, de janeiro a julho de 2013, 10.748 armas de fogo. No mesmo período em 2012, foram 10.160 apreensões. Um aumento de cerca de 5%. Na capital, nos primeiros sete meses de 2013, foram 2.894 armas de fogo apreendidas. No período equivalente em 2012, foram 2.853.
Os números refletem um aumento na retirada de armas de fogo em circulação, tanto no Estado como na Capital, porém quanto à efetividade da ação para a redução da criminalidade o resultado é contraditório, uma vez que os crimes também aumentaram.

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