Deputado Junji Abe (PSD) apoia devassa em gastos com a Copa

O deputado federal Junji Abe (PSD-SP) engrossou o mutirão de parlamentares que defendem uma devassa nos gastos públicos com a Copa do Mundo de 2014. Ele assinou o requerimento para a instalação da CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará irregularidades no uso de recursos públicos nas obras de infraestrutura do evento. O processo de fiscalização abrange também a Copa das Confederações, preliminar do certame mundial.
Elaborado por iniciativa do deputado Izalci (PSDB-DF), o requerimento havia conquistado, até quarta-feira, 10 de julho, a adesão de 188 deputados e 27 senadores, tendo atingido o número regimental exigido no Congresso Nacional para instalação da comissão. São necessários 171 integrantes da Câmara e 27 do Senado. Contudo, o autor pretende continuar coletando assinaturas para evitar que eventuais desistências comprometam a abertura da CPMI. "É uma medida de precaução considerando que quem assinou ainda pode retirar seu apoio, motivado por pressões de toda ordem, especialmente do governo", concordou Junji.
Estimativa da própria União dá conta de que os gastos para a realização do Mundial no Brasil aumentaram em cerca de 10% e deverão chegar a R$ 28 bilhões. De acordo com o levantamento da Consultoria Legislativa do Senado, a Copa 2014 será a mais cara da história e poderá custar até R$ 63 bilhões para os governos. "Ninguém é contra a Copa do Mundo nem quer transformar o futebol em vilão, mas precisamos fazer uma devassa para apurar os motivos de despesas tão altas onerando os cofres públicos. O superfaturamento de obras já é crime. Mas, num momento em que a população sofre tão severas carências, torna-se prática hedionda", apontou Junji, justificando seu apoio à CPMI da Copa, formalizado nesta terça-feira (09/07).
Em termos comparativos, os gastos registrados pelo Brasil para sediar o Mundial de 2014 são aviltantes, como ponderou Junji, ao lembrar que o governo da África do Sul gastou R$ 14,5 bilhões em infraestrutura e estádios na Copa 2010. Não por menos, completou o deputado, as robustas despesas foram alvo de protesto dos manifestantes que tomaram as ruas do País no mês passado, durante a Copa das Confederações, evento-teste para o certame mundial.
A revolta popular, segundo Junji, não poderia ser mais legítima. "Enquanto o governo despeja bilhões na execução de obras de infraestrutura da Copa, áreas essenciais como saúde, educação, segurança e transporte público ficam privadas de investimentos e tentam esticar migalhas para manter o atendimento", protestou. Em recente votação (25/06), o Plenário da Câmara rejeitou o repasse de R$ 43 milhões ao Ministério das Comunicações para bancar despesas com a Copa do Mundo.

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