Corrupção: pode ser compreendida?

Patrícia Tozzo de Matos e Marçal Rogério Rizzo
Por ter consciência de sua nocividade, iniciamos esta reflexão com a seguinte questão: A corrupção deixará o Brasil ser o país do futuro? Não sabemos! Lastimavelmente, o que aparentemente nos é apresentando é que ela, nos últimos anos, vem brotando fortemente. Quem diria! Justamente no governo do PT, partido cujos integrantes se diziam tão puritanos... Até poderíamos dizer: Nunca antes na história deste país vimos tanta corrupção. Agora, entender a corrupção no Brasil pode ser algo complexo, porém senti-la na pele é muito fácil.
Atualmente, basta olharmos para os dados da arrecadação recorde de impostos e os compararmos com a qualidade dos serviços prestados pelo setor público, para que logo venha o segundo questionamento: Para onde estaria indo tanto dinheiro?
Visando à busca de respostas, pode-se pensar, de início, que um dos ingredientes essenciais para o sucesso da economia de um país é, sem dúvida, um governo que saiba e queira instaurar uma política de crescimento e desenvolvimento eficiente e eficaz.
Quando falamos de governo, de políticas públicas, de crescimento, de desenvolvimento, sobretudo aqui do Brasil (talvez por já conhecermos o famoso "jeitinho" pelo qual muitas vezes somos caracterizados), é quase que imediato lembrarmo-nos de corrupção. Possivelmente por considerarmos que esse "jeitinho" seja um grande empecilho a todo plano de progresso, ainda que esteja incutido na cultura nacional.
De fato, não é errado pensarmos assim, mas também não é uma visão completa; há muitas lacunas que precisam ser corrigidas e repensadas. Infelizmente, nossa tolerância à corrupção é grande demais. Para uma parcela da população, é comum que os "meios" justifiquem os "fins". Prova disso foi o famoso mensalão, fruto de um projeto de poder de um partido. Essa "parcela" esqueceu-se, contudo, de que os atos dos mensaleiros repercutiram na falta de medicamentos nos hospitais, na falta de qualidade da educação e de outros serviços públicos.
Como é dito no livro Falsa Economia, de autoria de Alan Beattie: "Há corrupção que apenas desvia alguns ovos de ouro, e a corrupção que mata a ave". Essa pode não ser a frase que todos desejam ouvir, ainda mais sabendo que o dinheiro de muitos, que deveria ser empregado em favor destes mesmos, é desviado para os bolsos de poucos.
Temos, sim, que ser realistas: a corrupção existe em todos os níveis de governo, mas algumas excedem as outras, dando condições de o país se desenvolver, ou não. É uma questão de escolha, de patriotismo e de sensatez. Patriotismo por ter a capacidade de elevar o crescimento e o desenvolvimento de seu país, e sensatez por criar em torno de si condições de obter qualidade de vida.
Discorrer sobre corrupção em "grande" escala até parece dar-nos uma exultação; afinal, quem não gosta de recriminar os outros? Existe, todavia, outra face dessa corrupção, que são as "pequenas" corrupções, sutis desvios e, claro, os "jeitinhos". Lembremo-nos de que uma grande história é feita de pequenos fatos, que juntos formam um todo. A "gigantesca" corrupção que ocorre lá em cima pode começar com a "pequenina" corrupção que se inicia atrás dos palanques eleitorais.
Patrícia Tozzo de Matos: Acadêmica de Administração da UFMS de Três Lagoas (MS) patty_tozzo@hotmail.com
Marçal Rogério Rizzo: Economista e professor da UFMS de Três Lagoas (MS) marcalprofessor@yahoo.com.br

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