Subdesenvolvidos

Reginaldo Villazón
É simples entender que a humanidade, tendo-se originado do sopro de Deus ou de seres primitivos, iniciou sua jornada de forma rudimentar. Os cientistas constataram que tribos humanas se estabeleceram em diversas partes geográficas e demoraram longo tempo para formar povos e construir nações. Dá para ver que o subdesenvolvimento está contido no processo histórico da humanidade.
Os países evoluíram de maneira desigual, tanto em riqueza como em outros valores necessários à vida dos seus habitantes. Países se tornaram desenvolvidos e poderosos, países continuaram subdesenvolvidos e fracos. Isso gerou relações escancaradas de dominação e submissão, aprofundando a distância entre eles. Os pensadores passaram a reavaliar as questões do subdesenvolvimento.
Para os políticos, militares e empresários que se importam apenas com seus interesses o subdesenvolvimento é conveniente. Mas, para a maioria das pessoas, o subdesenvolvimento é algo que deve ser combatido em todo o planeta. É, no mínimo, muito desagradável ver que existem países pobres, onde as populações têm dificuldades de acesso a moradia, alimento, água, trabalho, saúde, educação e lazer.
Em 1952, no artigo "Três mundos, um planeta", publicado no jornal "L`Observateur", o economista, demógrafo e sociólogo francês Alfred Sauvy (1898–1990) usou pela primeira vez a expressão "terceiro mundo". Assim ele se referiu aos países pobres, disputados na guerra fria pelos dois blocos dominantes: os Estados Unidos e seus aliados capitalistas, a União Soviética e seus aliados socialistas.
Esta divisão do mundo reativou a atenção dos pensadores sobre o desenvolvimento dos países. Os países desenvolvidos passaram a ser considerados do "primeiro mundo". Os países em fase de desenvolvimento, do "segundo mundo". Os países pobres, do "terceiro mundo". As relações entre estes três mundos mostraram que o subdesenvolvimento dos países não era mais uma simples fase contida na história dos países.
Hoje, há um cardápio de explicações discutíveis. Como estas. O subdesenvolvimento decorre: da etnia ruim do povo; da escassez de recursos naturais; da má localização do país; do clima quente da região; da escassez de capital; do sistema político corrupto; da administração pública atrasada; da baixa produtividade da economia; da falta de pesquisa tecnológica; da baixa escolaridade do povo; da falta de empreendedorismo; da exportação de matérias-primas baratas; da importação de produtos manufaturados caros.
Pensadores lúcidos, como o historiador inglês Arnold Joseph Toynbee (1889-1975) e o economista brasileiro Celso Furtado (1920-2004), defenderam com muita razão a idéia de que os obstáculos do subdesenvolvimento das nações devem ser superados por governantes e governados dispostos a planejar e trabalhar pela prosperidade geral.
É óbvio que esta lógica, que afasta a crença de que o subdesenvolvimento é uma fatalidade, é válida para as unidades (regiões, estados e municípios) dentro dos países. Isto faz com que os cidadãos lutem pelo progresso dos seus municípios, prestigiem os políticos inovadores e critiquem os tradicionais. Com que participem das ações em favor do bem comum e refuguem as que favoreçam a estagnação.

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