PALAVRAS DE CHICO XAVIER

Pergunta
– Você não acha que lutar pela implantação definitiva da justiça social entre todos os homens, pugnar intransigentemente em defesa dos direitos humanos em todos os quadrantes da Terra não seria muito mais importante do que a simples dádiva de esmolas, que muitas vezes não passam de migalhas que caem das mesas fartas dos comensais da vida.

Chico Xavier
– Estimaria mais se você dissesse, com o seu nobre discernimento: "trabalhar pela implantação definitiva da justiça social entre todos os homens", porque o verbo lutar, em muitos casos, significaria agitar ou "conflitar".
Creio que todos os cristãos sinceros, estejam vinculados à interpretação espírita do evangelho de Jesus ou não, permanecem construindo em paz o reinado da justiça no mundo, sem a precipitação dos que se inclinam para transformações e sem a inércia dos apáticos.
Relativamente à chamada "esmola", não vejo na migalha de recursos materiais que se dá ou que se recebe um gesto tedioso de quem usufrui mesa farta, e, sim, um elo de simpatia e de amor entre as criaturas que se propõem a encontrar um processo de ligação espiritual entre si, preparando-se instintivamente para mais alta compreensão da fraternidade.
Sem qualquer idéia de esnobar esse ou aquele lance autobiográfico, peço permissão para dizer a você que, quando fiquei órfão de mãe, aos cinco anos de idade, à distância de meu pai enquanto permaneceu viúvo, aprendi a agradecer às pessoas de coração generoso que me davam um pão ou um prato de alimento, no transcurso do dia, porque quantos me prestaram esse benefício se fizeram para mim benfeitores que me livraram da tentação do furto e assim como me sentia feliz em receber essas dádivas para minha própria sobrevivência, creio que as pessoas que me amparavam também se sentiam satisfeitas com minha alegria.
Reconheço que virá um tempo em que a assistência social velará por nós todos; mas até que isso aconteça, em plano maior (e admito que semelhante realização deverá vir para nós e por nós, sem conflitos sangrentos), até que isso aconteça, repitamos, você aprovaria alguém que vê os seus irmãos em penúria, sem se mover, de modo algum, para auxiliá-los, pelo menos, em pequenina parcela de apoio? Será justo que eu deixe o meu vizinho desfalecendo em necessidade, sem dividir com ele os centavos que posso administrar, a pretexto de aguardar o tempo em que me seria permitido administrar aquilo que não me pertence, esquecendo-me de que posso e devo repartir a parcela de recursos que a Divina Providência me emprestou para meu usufruto?

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