A retirada dos trilhos

Jungo Nishi

Voltando aos primórdios do século passado, relembramos o eldorado despertado pelo prolongamento da Ferrovia da Alta Araraquarense, que teve como destino o Porto Getúlio Vargas, às margens do rio Paraná, hoje a conhecida cidade de Rubinéia. A notícia se alastrou por todas as regiões do País, criando a cobiça dos mais afortunados a conquistar as terras ainda não habitadas, formando cidades ao longo do traçado da ferrovia. Esse traçado seguiu no perímetro de divisoras das águas dos rios São José dos Dourados e Grande, fazendo com que a ferrovia ficasse cheia de curvas e voltas, aumentando a sua distância final. Naquela época só existia a ferrovia como o meio de transporte de massa e de cargas, não existindo os veículos de hoje. Os comboios lotados de passageiros, cargas e de gado vindo do Mato Grosso tinham como destino o centro maior, a Capital. Foi um tempo em que não havia pressa de se chegar ao destino esperado. A ferrovia Araraquarense, sem dúvidas, foi a grande alavanca do progresso de toda região noroeste do Estado. Rio Preto, que sempre foi a maior cidade da região Noroeste deste Estado, também foi beneficiada pela ferrovia, fazendo com que a cidade sempre fosse o carro-chefe dessa grande região. As cidades de Mirassol, Votuporanga, Fernandópolis, Jales e Santa Fé do Sul foram as que mais se desenvolveram às margens dessa ferrovia. As dezenas de cidades-satélites cresceram proporcionalmente. Na época, os produtos como o café, milho, arroz, amendoim e gado era a grande fortaleza de nossa agricultura. Atualmente, nessa região está se desenvolvendo a bacia leiteira, que hoje já é uma das maiores em todo o Estado. Além disso, a produção de laranja, seringueira, cana-de-açúcar, uva, manga, pinha, caju, holericulturas na região das comarcas de Urânia e de Jales demonstra a grande diversificação da agricultura. Dessa forma, nota-se que todas as cidades estão se desenvolvendo em industrialização e em diversos outros segmentos. Podemos perceber que nas cidades maiores os cursos superiores vêm ganhando forte destaque, como medicina, odontologia, direito e ensino técnico, entre outros que também alavancam a economia dos municípios da nossa região. Além disso, o turismo nas cidades de Santa Fé do Sul e Bálsamo também é destaque nessa região. Mas não podemos esquecer que tudo isso começou com a ferrovia Araraquarense.
Torna-se importante indicar ainda que, sem nenhuma dúvida, com a duplicação da rodovia Euclides da Cunha a região Noroeste estará fadada a ter um crescimento ainda maior. Fazendo uma retrospectiva do ano 1955, o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira implantou as fábricas de automóveis que desenvolveram o País através da rodovia, buscando o avanço do interior da nação, deixando em segundo plano a expansão das ferrovias já existentes. A cada ano que se passava o progresso ia crescendo rumo ao Centro Oeste, Norte e Sul. Com isso, a máquina do desenvolvimento (ferrovia) foi se deteriorando a atravancando o desenvolvimento das cidades por onde ela atravessava, perdendo toda força para os veículos de quatro rodas. Hoje em dia, a ferrovia somente transporta produtos agrícolas desenvolvidos no Centro Oeste do País para o porto de Santos, com grande número de vagões que faz crescer a opinião de que os trilhos deveriam sair do centro da cidade para dar lugar ao progresso das mesma. Nesses último anos, com o projeto do governo federal de integração das ferrovias e a construção de ferrovia Norte-Sul, poderia muito bem se projetar a nova ferrovia partindo da região de Araraquara rumo à ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, na divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo, com um traçado em linha reta, ganhando assim maior tempo para se chegar ao destino final. Quando a Ferrovia Norte Sul estiver chegando a Estrela D’Oeste, poderá ser possível uma junção dessas duas novas ferrovias. A nova ferrovia Araraquarense seria uma outra realidade, permitindo ganho de tempo e lucro. Acredito que o século 21 é o século da velocidade e não se pode perder a carona do avanço tecnológico. Jungo Nishi é ex-vereador e ex-vice prefeito de Urânia

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