Marc Ferrez

Reginaldo Villazón

Há 90 anos, faleceu Marc Ferrez (1843 – 1923), foto, o mais importante fotógrafo brasileiro de sua época. Nasceu no Rio de Janeiro, filho de um casal francês radicado no Brasil, que aqui aportou com a Missão Artística Francesa apoiada pelo Rei Dom João VI.
Sua vida movimentada começou quando seus pais faleceram, repentinamente, deixando quatro filhas e dois filhos. Por decisão familiar, ele – caçula de 7 anos – foi mandado a estudar na França sob os cuidados do amigo escultor Alphée Dubois e sua esposa. Em Paris, o garoto se desenvolveu e estudou até os 16 anos.
De volta ao Rio de Janeiro, foi trabalhar na Casa Leuzinger, uma papelaria e tipografia, onde foi criada uma seção de fotografia sob chefia do alemão Franz Keller, que era fotógrafo, engenheiro e botânico. Lá ele aprendeu as técnicas fotográficas de captação, revelação e fixação de imagens. Com muita dedicação, tornou-se hábil.
Aos 23 anos, decidiu se estabelecer por conta própria como fotógrafo de paisagens brasileiras, desprezando a especialidade mais lucrativa de retratar pessoas. Passou por bons e maus momentos, mas acabou tornando-se conhecido e respeitado pela firmeza de caráter, dedicação ao trabalho e competência profissional. Ganhou estima nos meios empresariais, artísticos e científicos. Impôs-se como um artista capaz de tirar, de uma simples cena, uma fotografia majestosa de enquadramento, luz e profundidade.
Marc Ferrez visitou cidades e participou de expedições a locais distantes, registrando com qualidade surpreendente paisagens urbanas, rurais, silvestres e marítimas, contendo coisas, pessoas, animais e plantas. Participou de exposições internacionais e ganhou prêmios. Seu acervo de 15.000 itens reunidos pelo seu neto historiador Gilberto Ferrez (1908 – 2000), pertence hoje ao Instituto Moreira Salles, com sede na cidade de São Paulo e quatro centros culturais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Poços de Caldas).
A história da fotografia no Brasil começou no Império, no tempo de Dom Pedro II. Fotógrafos brasileiros e estrangeiros documentaram a evolução da nação. Hoje, a fotografia é atividade de um grande número de profissionais, que se dividem em muitas especialidades: futebol, decoração, arquitetura, jornalismo, propaganda, ecologia, arte e outras.
Marc Ferrez pode ser, para muitos jovens, uma fonte de inspiração para buscarem na fotografia uma atividade criativa, uma possibilidade econômica complementar ou uma profissão. Há muitos cursos rápidos que podem ser uma iniciação. Outros, que exigem dos alunos mais estudo e prática, proporcionam ganhos técnicos avançados.
Em toda circunstância, fotografia é arte. Como tal, está obrigatoriamente relacionada com a técnica, a estética, a criatividade, a subjetividade e as emoções. Nenhum robô poderia produzir o que Marc Ferrez produziu, porque jamais seria um Marc Ferrez. Nenhuma máquina sem alma poderá fazer o que faz um fotógrafo humano competente e talentoso. A arte da fotografia será sempre uma atividade humana.

Comentários