Irresponsabilidade no trânsito

Vitor Sapienza
Ainda não foi desta vez que conseguimos comemorar as festas de Natal e Final de Ano sem graves acidentes em nossas estradas. Também não será este ano que teremos motoristas mais compenetrados, dirigindo com responsabilidade, sem colocar em risco a sua vida e a dos demais usuários das ruas e rodovias.
Quem costuma usar as nossas estradas assiste às constantes demonstrações de imperícia, imprudência, abuso, irresponsabilidade e atitudes que beiram a estupidez. E a consequência é o altíssimo número de mortos e feridos em nosso trânsito, considerado um dos mais violentos do mundo.
De fato, sobram motivos para a nossa preocupação: falta consciência, falta responsabilidade e o mais grave, cresce assustadoramente o número de jovens que estão adotando a bebida como máscara para encobrir as suas frustrações. E, mesmo nas pequenas cidades, antes consideradas refúgios tranquilos, a bebida tem sido a principal companheira de homens e mulheres que a cada dia encontram
no vício mais um motivo para mascarar a sua insegurança. E muitas dessas pessoas não hesitam em sair dirigindo veículos, após a ingestão de bebida alcoólica.
Apesar das recentes medidas aumentando o rigor contra os que dirigem sob o efeito do álcool, ainda vai demorar muito para que seja criada a consciência do que devemos e não devemos fazer, quando conduzimos um veículo. As punições severas precisariam vir acompanhadas da obrigação de se indenizar as vítimas, e dependendo da situação do infrator, o confisco do veículo para cobrir custos do acidente provocado; e no caso da incapacidade do autor, a família seria obrigada a participar do ressarcimento financeiro dos danos.
Sei que muitos dirão que essas exigências são exageradas. Pode ser. No entanto, está mais do que provado que a maior dor que o cidadão sente é a dor do bolso. E se essa dor tiver um complemento que é a punição com prisão, certamente em alguns anos teremos revertido esse quadro. Infelizmente, o diálogo nem sempre surte o efeito necessário, e a alternativa é a punição severa.
Até que isso ocorra, somos obrigados a esperar pelo pior, sempre sairmos às ruas, ou algum parente, amigo ou conhecido sair pelas rodovias, sejam elas federais ou estaduais. Afinal, a irresponsabilidade não conhece siglas, nem fronteiras, muito menos idade, sexo, ou religião. Ela pode estar no nosso caminho a qualquer instante e isso é o que nos preocupa.Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado.

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