Liberdade econômica

Reginaldo Villazón
As pessoas que procuram ter consciência da realidade – fazendo uso da mente e do coração –, têm motivos para lamentação e tristeza, tais são as situações limitadas em que vivem grandes parcelas da população. Embora o progresso tenha avançado a olhos vistos e continue sua marcha inexorável, notícias de problemas graves têm origem em todas as partes do mundo, inclusive nas mais desenvolvidas.
Nos Estados Unidos, em 2008, os prejuízos nos empréstimos hipotecários de alto risco levaram o sistema bancário à insolvência. Os preços das ações dos bancos norte-americanos despencaram nas bolsas de valores do mundo. Os bancos estrangeiros, que operavam forte com os empréstimos hipotecários de alto risco, tiveram os mesmos problemas. Assim, a crise se espalhou e afetou países, empresas e pessoas. Os bancos foram salvos com muito dinheiro público. Mas, ainda há gente que não recuperou a casa e o emprego.
A Europa, que não ficou imune à crise exportada pelos norte-americanos, teve perdas financeiras elevadas e cortes de muitos postos de trabalho. Mas havia outra crise em curso. Em 2010, veio ao conhecimento público que vários governos europeus haviam gastado mais do que tinham arrecadado em impostos. Por isto, estavam endividados em bancos e suas dívidas aumentavam com os juros.
Imagina-se um país em caos. O governo não tem dinheiro para pagar dívidas bancárias, realizar investimentos e atender os custos sociais. Precisa reduzir as despesas e aumentar a arrecadação de impostos. Os bancos têm grande volume de dinheiro emprestado ao governo (que não paga as prestações) e não tem dinheiro para continuar emprestando. Foi o que aconteceu (e continua acontecendo) na Grécia. Penúria e desespero. Depois, a crise aportou na Espanha, Itália, Portugal, França, Inglaterra, Irlanda.
Uma pessoa sem emprego, que sai de casa todos os dias e não encontra uma vaga de trabalho, não pode ser considerada vítima de uma crise econômica. Este é um fato humano, na forma e na essência. A crise, desde a sua origem nos Estados Unidos, foi perpetrada por pessoas e não por leis econômicas autônomas. Governantes e banqueiros foram os principais responsáveis. A crise está na democracia, no uso do poder. É uma restrição à liberdade da pessoa que não tem como sair da exclusão.
Os capitalistas propugnam por liberdade econômica e governos enxutos. Mas batem os pés no chão para reclamar por dinheiro público, quando eles passam por dificuldades. Assim fizeram os banqueiros e empresários (Chrysler, GM e Ford) norte-americanos, em 2008, para se livrarem da falência. Na Europa, não foi diferente.
Na Idade Média, o povo morava e produzia alimentos nas terras dos senhores reais. O povo vivia da sua produção e abastecia as despensas do castelo, onde moravam seus senhores. Mas os senhores tinham por obrigação dar proteção à vida do povo, dentro das muralhas do castelo, sempre que inimigos se aproximavam em guerra.
Hoje, o povo vota nos políticos para que eles exerçam a vontade do povo. Mas o povo não tem garantia de democracia, de liberdade econômica, sequer de proteção. Daí, quem procura ter consciência da realidade, tenha atenção.

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