O gênio venceu

Reginaldo Villazón
Ludwig van Beethoven, o compositor de música clássica, está na moda. Melhor, dizendo: continua na moda. Toca-se e ouve-se Beethoven. Escreve-se e filma-se Beethoven. Sua vida incomum e sua obra incomparável chamam a atenção dos que tentam compreender a impotência do homem diante da sua realidade e a força do gênio diante da sua arte.
Beethoven nasceu em 1770 na cidade de Bonn, Alemanha. Seu pai era tenor e professor de música. Foi o seu primeiro instrutor de piano, agindo com severidade e desequilíbrio por causa do consumo excessivo de álcool. Sua mãe era filha de um chefe de cozinha. Por ter facilidade com a música, Beethoven conseguiu melhores instrutores, que lhe ensinaram a tocar outros instrumentos e a usar técnicas de composição.
Aos 21 anos, Beethoven mudou-se para Viena, capital da Áustria, onde o ambiente musical era excelente e lhe permitiria prosseguir sua instrução para, em seguida, estabelecer sua carreira de músico e compositor. Foi o que aconteceu. Em Viena, ele atingiu a sua maturidade musical: foi professor de música, regente e compositor aclamado. Em Viena, ele faleceu aos 56 anos de idade e toda a população da cidade despediu-se dele.
Quem conhece a sua obra – ou simplesmente a aprecia –, sabe que Beethoven foi um compositor extraordinário, um gênio. É de admirar que ele tenha escrito partituras para instrumentos e vozes, criando harmonias de tanta beleza e significação.
Fato triste e surpreendente foi que ele sofreu uma surdez progressiva, que começou nos seus 26 anos e se completou de forma irreversível por volta dos seus 44 anos. A perda de audição fez dele um indivíduo isolado e depressivo. Em muitas ocasiões, pensou em suicídio. Prosseguiu vivo por amor à música, visando completar a sua missão de compositor.
Mas, como? Compor, sendo surdo? Pois é, esta é a parte surpreendente. Ele nunca parou de compor. No seu período tardio, já com a surdez instalada, produziu suas obras mais inovadoras, expressivas e intelectualizadas, como a sua famosa Nona Sinfonia.
Hoje, estima-se que a surdez ajudou Beethoven a alienar-se do mundo material para sentir a música pura com os sentidos da alma e grafar no papel a representação das vibrações, cores e paisagens que não podem ser captadas pelos sentidos do corpo físico. Assim, ele terá aceitado uma vida de angústia para mostrar o valor da arte na evolução do espírito humano.
Isto quer dizer que nós precisamos ter momentos especiais de bloqueio às sensações do mundo transitório em que vivemos para abrirmos nossa alma às sensações transcendentes do Universo através da arte. Nós precisamos ter arte em nossas vidas.

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