Quem somos nós

Reginaldo Villazón
Na Idade Média (476 – 1.453), como era costume, homens montavam e cavalgavam sem descanso até a exaustão e morte dos cavalos, sem qualquer sentimento de piedade e culpa, por pura ignorância.
Igualmente, por ignorância, matavam animais domésticos e silvestres a pauladas ou pedradas sem o menor constrangimento. Para aqueles homens rudes e obscuros, os animais eram objetos materiais sem alma.
Após a Idade Média, o mundo foi iluminado por cientistas, filósofos, artistas, humanistas e desbravadores. O progresso se fez de forma extraordinária em todas as áreas da atividade humana.
Inúmeras observações sobre os animais – realizadas por pessoas comuns e por pesquisadores científicos – resultaram em depoimentos, teses, livros, fotos, vídeos e filmes, afastando a ignorância medieval.
Hoje, sabemos que os animais possuem um "sexto sentido" que lhes permite deslocar sem erro por milhares de quilômetros, ainda que desconheçam os caminhos, que enfrentem tempestades e noites escuras.
Eles pressentem catástrofes naturais com dias de antecedência. Em 2004, ondas gigantes vitimaram mais de 200 mil pessoas no sul da Ásia. No Sri Lanka, as autoridades informaram que 100% dos animais se salvaram nas partes altas da ilha.
A percepção refinada dos animais lhes faculta realizar feitos incomuns, tais como prever doenças que vão acometer pessoas sadias, prever a morte de pessoas doentes e anunciar alterações na saúde de pessoas que estão distantes.
Eles sentem, aprendem e fixam atitudes. Pássaros se desesperam e tentam reanimar seus companheiros mortos. Gatos conversam com humanos através de gestos e miados. Cães treinados guiam pessoas deficientes visuais nas grandes cidades.
Na filosofia de Shiva, o deus hindu da transformação, todas as criaturas da natureza têm alma e o mesmo valor. Sendo esta a verdade, pessoas e animais devem ser tratados com atenção e dignidade.
Para a ciência, os resultados das experimentações indicam que falta pouco para anunciar a existência da alma humana, sem contestação. Por extensão, a ciência provará que também os animais têm alma.
Afinal de contas, homens e animais se assemelham nos assuntos rotulados de psíquicos ou paranormais. Por exemplo, há uma história inteira de relatos confiáveis de aparições pós-morte de pessoas e de animais domésticos.
Bem informados, antecipando o óbvio, devemos nos esforçar em cuidar os animais com mais responsabilidade e carinho. Em não ficar omissos diante dos ignorantes que insistem em tratar com indiferença e crueldade estas criaturas tão maravilhosas.
A conduta elevada de "fazer o bem ao próximo" não pode ter exceções. Não fazer o bem aos animais já seria prova da nossa inferioridade. Mas os ventos continuam soprando no sentido do futuro, da concepção holística e da civilidade.

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